terça-feira, julho 12, 2005

Natureza inserida no espaço da cidade (5)

Esta será porventura a fase em que deverei fazer um balanço do que foi feito, apresentar algumas conclusões e lançar pistas para uma continuidade que eu
pretendo seguir.
Durante esta última fase foi necessária e premente a tomada de determinadas decisões de ordem prática e sistemática pois a necessidade de apresentar alguns resultados (mais de ordem pessoal do que externa) assim o ditou.
Dado que durante este periodo participei num workshop que me permitiu integrar principios constituintes deste projecto vou em primeiro lugar referenciar essa vertente e em seguida o objecto resultante desta fase do projecto, que pretendo expor no Corpus Christi em Julho.
O workshop “Identidades Virtuais”em que participei integrou-se no programa do encontro “Arte e Comunicação” — CCB 2 a 4 junho 2005 — nele além de uma colaboração com uma outra pessoa em que em conjunto desenvolvemos um interface para uma aplicação web (não vou referir este trabalho pois não tem relações com o projecto sobre o jardim botânico do Porto), fiz um pequeno exercicio que teve como base imagens e sons recolhidos no Jardim Botânico do Porto.
O workshop decorreu online durante parte do mês de Maio e para além de todas as questões relacionadas com o facto de ser online e em que a maior parte dos elementos participantes não se conheciam, mas que apesar da aparente dificuldade decorreu da melhor maneira e as sinergias criadas foram excelentes, o mote inicial era dado por um texto do qual passo a transcrever parte: “…Pensamos que é possível reflectir
sobre estas novas práticas de uma forma endógena, isto é, desde a condição de fazer saber: a condição experimental inerente à produção artística. O tema proposto “Identidades virtuais” pretende ser o catalisador de projectos que, ao integrarem estes pressupostos identitários na sua formulação, se estão a cruzar, declaradamente com as pertinentes temáticas avançadas para a realização deste encontro…”
Tendo isto como base de partida e como objectivo a relação do meu projecto com este conceito de “novos media” (?) e apesar de algumas dificuldades dados os escassos conhecimentos de progamação que possuo elaborei uma série de 4 exercícios que se inter-relacionam e que sugerem uma pequena interactividade e potenciam a contemplação.
A breve sinopse desses exercicios que integrei num projecto denominado N/V, menciona o que referi:
“Neste projecto tentei estabelecer relações entre o mundo natural e o universo virtual e os processos de contemplação. Dado que cada vez mais a sensação de exiguidade ou mesmo inexistência de tempo para a contemplação do que nos rodeia é uma constante no quotidiano e que esse efeito tem vindo a ser potenciado com a existência de realidades paralelas / virtuais tentei criar um espaço que permitisse um exercício de contemplação do natural transfigurado.”
As relações deste projecto virtual (e na questão virtual também incluo o blogue) com o todo do projecto anual são extensas; para além do material de trabalho que é comum, os objectivos de inserção do espaço natural num universo que poderá ser aparentemente estranho — cidade / www / virtual / memória — são o elemento desencadeador do processo. A preocupação de criação de um espaço contemplativo, comum a todo projecto bem como uma relação de proximidade com a poesia e mais concretamente a obra de Sophia Mello Breyner em que a criação de paisagens faz parte integrante de um processo de escrita é neste projecto virtual exercida através do processo de criação / (des)construção da imagem e do som que é e foi manipulado de
forma a obter um aparente controlo por parte do utilizador / usufrutuário.
A minha participação no workshop acima referido induziu também uma reflexão sobre o meio em que iria apresentar o resultado do projecto desenvolvido durante estes últimos meses (ou pelo menos parte desse projecto).