terça-feira, julho 12, 2005

ø …Conclusão (?)… (1/3)

Como já referi nos textos anteriores, um dos factores que tenho vindo a potenciar e recorrer é o da memória.
As memórias que eu possuo do Jardim Botânico (que começei a visitar desde muito cedo pois sempre vivi nesta cidade, foram provavelmente uma das razões para a escolha deste espaço como tema / local de trabalho, digo provavelmente porque estas memórias sofreram um processo de desvelamento, elas não eram inicialmente presentes e foi lentamente, ao visitar o local, visionar o material recolhido, assistir às visitas de escolas primárias que lá são efectuadas que essas memórias foram surgindo, a principio ténues e para o fim com uma claridade que classificaria de surpreendente.
A obra de Sophia de Mello Breyner foi também um ponto que sofreu um processo de certa forma semelhante pois foi no mesmo periodo que atrás referi (primária) que começei a conheçer a obra de Sophia, os contos (A Floresta, A Árvore, O Rapaz de Bronze) remeteram-me para uma relação com a natureza — na altura procurava muitas das paisagens descritas e algumas das suas personagens (o anão por exemplo) nos recantos do quintal dos meus avós.
Foi pois com surpresa e satisfação que me dei conta da forte relação de Sophia de Mello Breyner com o local de meu estudo; conforme confirmei em várias fontes no Jardim bem como em vários textos e sitios da internet — …A infância e adolescência, passou-a Sophia na quinta portuense do Campo Alegre, adquirida pelo seu avô Andresen no final do século XIX. “Um território fabuloso”, assim a evocaria mais tarde a própria autora. É claro que um exíguo quintalejo pode ser, para uma criança, um território fabuloso. Mas não era bem o caso. Uma parte do que dele resta é hoje o Jardim Botânico do Porto.…
(in http://www.triplov.com/sophia/poemas/miguel_queiros1.htm)
Maria de Sousa Tavares, filha da poetisa, referiu num ciclo de conferências, realizadas no Jardim, em Outubro de 2004 que «a poesia de Sophia vive em diálogo com as sucessivas paisagens da sua vida, as encontradas e as construídas. A paisagem é a grande
matéria da sua obra.»
O estudo dum espaço “fabuloso” (aqui inclui também os significados imaginário; inventado; mitológico; alegórico; para além do admirável) que é o do Herbário e sobre o qual realizei uma série de fotografias e recolha de informações desencadeou o processo de criação de um “Herbário falso”.